quarta-feira, 8 de setembro de 2010

398 anos de espera

"Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
que eu não encontro por cá,
sem qu'inda aviste as palmeiras,
onde canta o sabiá."
(Canção do Exílio - Gonçalves Dias)


398 anos de palmeiras, sabiás, lendas, histórias, tijolos recobertos por azulejos que refletem uma cidade inundada por tradições. Enquanto tantos brigam pra dizer se é francês ou português o início dessa edificação, uma certeza essa cidade tem, a de que é genuinamente brasileira, recoberta por sotaques, cores, mestiçagens, mas que apimenta-se um pouco além em culinária peculiar com as ervas do cuxá, em danças tão envolventes como o tambor de crioula, mitos, fantasias e a verdade do bumba meu boi tão nosso... nossa cidade.

São Luís do Maranhão, norte do segundo Estado mais pobre do nordeste, Maranhão que significa terra da mentira, afunda essa ilha em mentira também. Cidade litorânea, cercada por praias, diversidade natural e cultural, riqueza de belezas conservadas e até de belezas não conservadas, mas que se mantêm belas, cidade tão pequena, tão grande, mas, que consegue ter tantas pessoas em ruas, tantos desempregados, tantas crianças fora das escolas, assaltos, mendigos, misérias, e se a realidade de São Luís, linda capital, é assim, imagina a do Estado. Pólo industrial, segundo maior porto do mundo, terra onde muito do que se planta, se colhe, terra que dá pra pescar, caçar e vender, ainda se imerge em lamúrias, em mães perdendo seus filhos para a fome, em desnutrição, em pais morrendo de tanto trabalhar, em um país em desenvolvimento que desenvolve cada vez mais a velha capacidade de mentir, de omitir, de sucumbir tamanha riqueza para o lucro pessoal. Riquezas tantas mal aproveitadas, mal distribuídas, marginalizadas da massa popular, marginalizando cada vez mais a esperança de quem espera que o voto mude alguma coisa.

É São Luís, feliz 398 anos de poder nas mãos erradas, 398 anos de uma história tão linda, em uma estória tão pobre. Felizes os ludoviscences que lutam tanto todo dia pelo pão na mesa, não só de um, mas de tantos maranhenses que merecem acordar em uma realidade melhor. E se nossa luta não basta, se a voz dilui no tempo, se o voto nos cala, desejo também que a mentira seja calada e que cada maranhense não se canse de lutar não só pelo fim de oligarquias, mas por uma São Luís de heróis, de lendas e histórias de verdades.

sábado, 31 de julho de 2010

Isso também passa

Chico Xavier costumava ter em cima de sua cama um pergaminho com a seguinte frase: "ISSO TAMBÉM PASSA", e com a curiosidade inerente de cada ser humano resolveram perguntar:"O que significa essa frase em cima de sua cama dizendo 'Isso também passa'?" Chico, sem titubear, respondeu: "A vida nos prega muitas peças, que podem ser boas ou não tão boas assim, mas tudo significa aprendizado. Ela é para que todos os dias antes de me levantar e de me deitar possa ler e refletir, para que quando tiver um problema, antes de me lamentar eu possa me lembrar que 'Isso também passa', e para quando estiver exaltado de alegria, que tenha moderação e possa encontrar o equilíbrio, pois, 'Isso também passa".
Tudo na vida é passageiro assim como a própria vida, tanto as tristezas como também as alegrias, praticar a paciência e perseverar no bem e nas boas ações, ter simplicidade, fé e pensamentos positivos mesmo perante as mais difíceis situações é saber viver e fazer da nossa vida um constante aprendizado. É ter a consciência de que todas as pessoas erram, de que o ser humano ainda é um ser imperfeito em busca da perfeição e por isso ainda sofre, é saber que se muitas vezes nos decepcionamos com é porque esperamos mais do que elas estão preparadas para dar, dentro de seu contexto e grau de compreensão. Deste modo, toda vez que olho para essa frase, meu coração se aquieta e a paz me invade, pois sei que "ISSO TAMBÉM PASSA".

Autor desconhecido [pelo menos por mim]

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O jogo sempre continua

Mulheres falam de homens, homens de mulheres, e no futebol
todo mundo arisca aquele piteco desafinado. Começam discussões, terminam risadas. Porque futebol é sempre assim, tem que ser acompanhado por amigos, por bagunça, zuada, e alguns gols.

Chega época de copa do mundo então, xiii... Brota brasileiro do chão, da parede, do teto. Tem menino que nasce só pra dizer mais tarde que veio ao mundo em meio ao fulgor futebolesco. E é mesmo uma beleza só, todo mundo junto torcendo, tudo muito verde e amarelo, todo o Brasil sendo uma nação. E já que ninguém curte muito essa parada de eleições mesmo, sejamos então O PAIS DO FUTEBOOLL. Dos zagueiros de cento e oitenta milhões, dos atacantes de quarenta, e uns tios que ainda arriscam aquela pelada boba.

De um lado eles xigam, se exaltão, brigam, mas que saber de uma coisa?! Aculpa tem que ser é do juiz mesmo, assim a gente perde menos a amizade.
Do outro elas se deleitam no gingado, na corrida, no charme, afinal, tratam-se de vinte e dois homens correndo atrás de uma bola alucinadamente... Mas que isso, mulher também tem plena capacidade de enxergar taticamente o futebol! Elas sabem sim o que é zaga, escanteio, impedimento, ataque, e vão além, possuem toda a sensibilidade crítica e avaliativa a cerca do condicionamento físico e biológico de cada jogador, isso sim é futebol completo!

Futebol completo! Bola na rede, churrasco assando, samba tocando. Foi mais uma copa do mundo, que não passou de só mais uma. Vai mais um campeonato, e ficam esses 190 milhões de brasileiros que continuam sendo verde e amarelos. Olha as eleições chegando aí gente. Hora daquele pênalti bem dado que todos os brasileiros devem se preparar para dar. E se ninguém curte essa parada de eleições mesmo, não tem jeito, o único jeito é tentar acertar, e continuar o jogo, que tem sempre que continuar...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Como uma onda no mar

“Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo... aqui dentro sempre como uma onda no mar”

De fato, nada do que foi será, a vida em todo seu dinamismo tratou de nos trazer até aqui, como uma onda, dia após dias, modificando cada cotidiano, e se Eráclito já afirmava a impossibilidade de nos embebedarmos no mesmo rio, eu reafirmo, e afirmo a embriaguês, afinal, as vezes precisamos nos afogar pra sentir que estamos vivos. Mas e quando é a própria vida que nos afoga? Doce de levar, porém, vida de cão, de gato e de rato as vezes, além de nos submeter ao frio, nos corroe, nos mostra que é dinâmica quando precisamos, mais ainda quando não, nos tira um pedaço, dois, e nos mostra que perder também faz parte.

É, vida traiçoeira, roda gigante que te faz subir, descer, nausear... A única certeza é sempre a incerteza de cada manhã, e por mais que seja triste imaginar acordar sem tanta coisa, mais importante que isso é superar o que trouxer. Colocar no mar do esquecimento quem precisa descansar de nossas vidas, pegar as malas e voltar pra casa, pra onde tudo começou, pra reconstrução e encarar mais uma vez essa inconstância tão gostosa que é viver.

domingo, 23 de maio de 2010

Palavriar

Deboche, libertinagem e devassidão, estroinice, segundo o dicionário, conjugando o debochar, é lançar na devassidão, tornar devasso, prostituir.
Sim, prostituir a palavra, uma vez não dita, escondida, marginalizada, não se faz palavra como comunicação e sim como um sussurro, afinal, sarcasmo não é pronuncia, é ironia amarga, insultuosa, escarniosa como prefiro chamar, um pouco chulo, e de chulo não se faz a crítica.
Palavra boa é a palavra dita, redita, escrita, lida, que extravasa pelos confins, que não volta atrás, não olha pra trás e voa tranqüila, oscilando a quem excita mas é sempre assim, clara, ela, sempre ela por mais que se renove em sentido.
E pra se fazer criticar, até mesmo à palavra, tem que se fazer de palavra. Pensamento que se concretiza, sendo bom ou ruim, mas solidifica conceitos, muda respeitos e se faz mostrar cara a tapa.
Palavra, palavra, palavra, como crítica, pensamento, como asas, que seja a palavra, que seja lançada, nunca voando baixo, nunca sendo baixa como a grosseria de um deboche.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cronologicamente

E Lari lari ê, ô ô ô
E Lari lari ê, ô ô ô
E Lari lari lari ê, ô ô ô
É a turma da Xuxa que vai dando o seu alô!

Sabiam que a cada cinco anos surge uma nova geração? Isso significa que aquela calça no meio da cintura que já estava fora de moda na época, cinco anos depois vai ser motivo de vergonha nas fotografias.
E aquela música que você dança até o chão?! É, aproveite, e desça quantas vezes for preciso, até mesmo pra daqui há cinco anos você ter motivos pra sorrir, na época era moda mesmo...
Pensem, cinco anos mais tarde você poderá estar com o mesmo cabelo, as mesmas manias, no mesmo emprego, com os mesmos amigos, indo nos mesmo lugares, e mesmo assim você vai odiar o que é hoje. Quando estiver com vinte, não vai querer nem lembrar de como era e do que fazia aos quinze, quando estiver com trinta vai achar um absurdo as coisas que fazia aos vinte cinco, ou vice versa, afinal, tem gente que nunca quer envelhecer...
Mas me diz se você não riria se olhasse um cara caminhando com uma blusa regata, coladinha, decotada e curta... Os coroas de Hollywood que você mais baba já devem ter usado uma assim, mas isso quem sabe há cinco ou dez anos atrás.
É por isso que eu recomendo, nunca faça vinte anos, pule pro vinte e um, e depois vinte e seis, e trinta e um, e depois trinta e nove, quarenta e quatro, quarenta e nove... a partir de um certo ponto o bom mesmo é atrasar a contagem!

Só que brincadeiras a parte, o que muda de cinco em cinco anos mesmo são nossas concepções, nossos sentimentos, nossa criticidade, e isso é verdade. A cada nova geração surge uma nova maneira de se pensar o mundo, junto a novos comportamentos, que deveriam na maioria das vezes sempre melhorar, amadurecer, mas aí já vai da consciência de cada um. E no final das contas podem passar cinco, vinte anos, a moda passar, o mundo continuar girando,cronologicamente a gente vai continua vivendo e aproveitando quem sabe pra se criar histórias e fazer coisas que nunca imaginaríamos fazer há cinco anos atrás.

Fiado só amanhã!